quinta-feira, 5 de abril de 2012

“Não se preocupe, disso você não morre”

As primeiras sensações vieram acompanhadas de uma tristeza. Junto com ela a dificuldade em articular as palavras com clareza. A dificuldade na comunicação contribuiu para um isolamento e uma tristeza cada vez maior. Resumindo: vivia no automático.

Era como se estivesse descendo uma ladeira sem freio. Com muito medo de cair, mas sem vontade para fazer nada.

Junto com esse turbilhão de sentimentos começo a notar algumas mudanças nos movimentos do meu corpo. O braço e a mão esquerda se comportavam diferente.do lado direito. Era um incomodo que só eu sentia, só eu percebia. Um descompasso que crescia cada vez mais. Um descompasso que mexia com a minha vida e me fez procurar um médico.

Começou aí uma peregrinação. Um ortopedista, afinal os movimentos da mão e braço esquerdo estavam cada vez mais difíceis. Diagnóstico: sídrome do túnel do carpo. Resultado: fisioterapia ou então – cirurgia.

O incomodo aumentava. Daí vieram o neurologista e o neurocirurgião. E mais uma vez, um diagnóstico errado. Eu deveria usar um colar cervical ou até mesmo colocar uma placa de metal na coluna.

Cirurgia, não. Que tal buscar uma outra opinião. Um outro neurocirurgião. Outro exame e ele diz:

_Você tem um desgaste na sexta vértebra, mas não é caso de cirurgia. Porém eu vejo sintomas do mal de Parkinson. Procure um neurologista.

Marquei consulta e passei por novos exames. Diagnóstico: Mal de Parkinson. As palavras do médico se perderam no tempo. “Fugiram” da memória. O que ficou de lembrança daquele dia no final de outubro de 2008 foi:

_ “Não se preocupe, disso você não morre”. Essas foram as palavras finais do médico ao se despedir de mim na porta do consultório.

E agora! O que fazer!


Nenhum comentário:

Postar um comentário